lunes, 26 de mayo de 2014

Proposta eleitoral: sesta

Já passaram 4 meses desde que cheguei ao Panamá! Agora já acho quase tudo normal. Continuo a achar estranho que as senhoras andem com os rolos de fazer permanente no meio da rua (sim é verdade!), continuo a não entender como funcionam as "não-regras" de trânsito, continuo a irritar-me com os piropos. Mas já acho normal que tudo seja feito com mais calma e tranquilidade, já me sinto completamente preparada para uma boa negociação de preços de táxis, já sei as marcas que gosto de comprar no supermercado...

Claro que é sempre uma descoberta, nada funciona da mesma maneira e a paciência tarda a instalar-se em mim, mas agora até já me sentia preparada para dar dicas a quem chegasse ao Panamá por primeira vez.

O que também é verdade é que este Panamá de agora, não é o mesmo que conheci quando cheguei. Quando cheguei havia um sol fortíssimo a toda a hora, um calor daqueles e eu suaaaava. Agora chegou o inverno. Também há sol fortíssimo, mas não a toda a hora, um calor daqueles e continuo a suuuuar.

A diferença é que agora há CHUUUVA. Sim é uma chuva como deve ser. A chuva forte em Portugal, aqui é chuva molha-parvos. Aqui é que é chover. E trovoadas?! As famosas tempestades tropicais...

O que é curioso é que chove quase sempre à mesma hora: entre as 12h30 e as 14h30. Normalmente saio de casa com um sol fortíssimo. Aí às 11h30 o céu começa a ficar mais escuro e à horinha de almoço, aí está ela, a chuva impõe-se e já não há nada a fazer. Depois de almoçar, vai-se embora...

Os panameños é que têm a desculpa perfeita para fazer a sesta. Os espanhóis são uns meninos em fazer a sesta. Aqui é que devia ser: está um calor que não se aguenta, a hora de almoço já se sabe que dá aquela moleza, ver a chuva lá fora também dá aquela sensação de sofá com chazinho...é a combinação perfeita! Não sei como ainda não houve nenhum presidente que implementasse esta medida. Com tantas medidas estranhas que fazem, esta não ia ser tão descabida...

jueves, 8 de mayo de 2014

Momentos - micro ou macro

No nosso dia-a-dia, quando acordamos, sabemos como vai ser o dia, ou pelo menos temos um plano de como será. Se tudo correr bem, tudo será como planeado. Por exemplo, vou trabalhar, depois ao ginásio, se der tempo vou ao supermercado, etc. Pensamos sempre nestes "macro" momentos que descrevem o dia-a-dia e desvalorizamos os micro momentos que vamos ter.

Os micro momentos são pequenas situações que ocorrem durante o dia e que, normalmente, ficam para nós e acabamos por esquecer. Por exemplo, uma pessoa no autocarro tinha uma t-shirt do CR7,  a pessoa à frente na fila do supermercado tinha um perfume estranho, uma pessoa falou comigo sobre a doença do seu filho, um pássaro voou mesmo sobre a minha cabeça, etc. São coisas que durante uns segundos têm relevância e ficamos a pensar nelas, mas de repente já nem nos lembramos. Também ninguém nos vai perguntar sobre isso, porque são situações "random" e que "não interessam".

Hoje dei por mim a pensar na forma como estes mini momentos contribuem tanto para a nossa vida. São tantos esses momentos diariamente...porque não os valorizamos?
Desde que estou no Panamá sinto que estou muito mais atenta e que registo mais micro momentos - não me esqueço tão facilmente. Muitas vezes são estes "pedacinhos" do dia que me inspiram a escrever o blog.

Hoje um dos meus mini momentos foi quando falei com a senhora que limpa o escritório e ela me contou um pouco da sua vida. Podia ser só um micro, mas decidi transformá-lo num grande momento, porque não me quero esquecer desta conversa.

Tinha deixado o meu passe do autocarro em cima da mesa e ela perguntou se eu também andava de bus. Ficou surpreendida que eu também o usasse.

Depois começou-me a contar que ela também vinha de autocarro e que era a rota mais perigosa, porque havia uma parte da estrada em que só cabia o autocarro e havia ribanceiras dos dois lados e ela tinha muito medo que caísse. Mas disse-me que já estava habituada a viver longe e vir trabalhar para a cidade.

Também me explicou que mora muito longe e que tem de acordar ás 3h da manhã, porque só tem água de manhã. Antes de ir para o trabalho tem de lavar a casa, a roupa, a loiça e preparar o pequeno-almoço e almoço. Tem de lavar a roupa à mão, porque também não tem luz e por isso não tem máquina.

Quando sai do trabalho, demora muito a chegar e tem de ir ao supermercado todos os dias, porque também não tem frigorifico. Cozinha o jantar, arruma a casa, prepara as coisas para os filhos e deita-se às 11h da noite.

Disse-me isto tudo com a cara mais tranquila do mundo, como se fosse uma rotina normal. As únicas coisas que ela queria eram: ter água, luz e mais horas de sono. Mas disse-o como algo nunca alcançável, como um desejo por algo extraordinário.

E perguntou-me onde eu vivia. Senti-me a pessoa mais egoísta do mundo, porque me queixo de acordar às 6h30 da manhã. E quero sempre algo que não tenho. E não me dou por vencida, não penso que é inalcançável. E tenho objetivos muito mais fúteis que ter água e luz. Há dias que me queixo de tudo e mais alguma coisa.

Ela ali estava a limpar, sem sonhos.

Ela continuou a trabalhar e eu também. Este podia ser apenas um mini momento, mas não podia deixar que assim fosse. Não posso fechar os olhos, embora sinta que não há muito que possa fazer para ajudá-la. Mas não posso esquecer o que me disse. Afinal são estes micro momentos que completam o nosso dia e são mais "nossos" que qualquer outro momento.

Espero que estejas a pensar "naquilo" que te aconteceu hoje :)

lunes, 5 de mayo de 2014

Se siente, se siente, Varela presidente

Ontem realizaram-se as tão ansiadas eleições no Panamá. Depois de tantos meses de uma campanha eleitoral intensa, chegou o grande dia e os panameños escolheram os seus representantes para os próximos 5 anos. As eleições começaram às 7h e às 16h encerraram as urnas. Todo o processo decorreu dentro da normalidade (claro que houve algumas denúncias, mas nada de grave) e às 7h30 foi anunciado o novo presidente do Panamá - Juan Carlos Varela.

De todas as sondagens, que tinham sido feitas, este nunca tinha sido indicado como favorito. Pensava-se que ganharia o candidato que representava o partido do atual presidente. Havia até um movimento de cidadãos influentes, que aconselhavam a que as pessoas votassem por Juan Carlos Navarro, que seria um voto útil para combater "juntos" que ganhasse o primeiro. E afinal ganhou Varela, que era o atual vice-presidente e que estava chateado com o presidente - zangaram-se as "comadres" há uns tempos.

Houve muitas coisas que me surpreenderam durante o dia de eleições. As três principais:
  1. À porta das escolas, onde se vai votar, estão representantes dos vários partidos continuando a campanha eleitoral, até ao último segundo - para ajudar aos indecisos, claro!
  2. Os representantes dos partidos políticos visitam as escolas, tentando visitar o maior número possível e em diferentes localidades, como uma última tentativa de conseguir mais uns votos.
  3. Quando se sabe o resultado, o presidente do Tribunal Eleitoral, telefona ao novo presidente para informá-lo. A chamada ouve-se em direto na televisão. Começa a chamada e Varela atende e faz de conta que não sabe do que se trata. Esta encenação e o teatro dão ainda maior espetacularidade ao momento fulcral do dia.
Ao pé da minha casa está uma das escolas onde era possível votar. Tirei algumas fotografias e filmei o momento em que Varela veio visitar a escola, como parte do seu percurso. O barulho era ensurdecer e vivo no 15º piso. Não consigo colocar o vídeo, mas ficam as imagens do antes e depois.



sábado, 3 de mayo de 2014

Cerro Ancón - outra perspetiva da cidade

No Primeiro de Maio fui ver a cidade de uma outra perspetiva. O Cerro Ancón é um pequeno monte e o ponto mais alto da cidade. No topo está a bandeira do Panamá, como símbolo de independência e soberania nacional. É, sem dúvida, um ponto de referência.

Depois de 3 meses, achei que estava na altura de fazer a caminhada. Nada melhor que um belo feriado, com muito sol e energia, para fazer um passeio, com uma amiga muito especial - a Laura.

Aqui ficam algumas fotografias, da cidade e do canal do Panamá.



Esta é a parte da antiga da cidade, com a nova cinta costeira.


E esta a parte nova. Algumas diferenças em tamanho e altura.
 



O canal do Panamá.
 

 Os pássaros que estão sempre a sobrevoar a cidade. São uma espécie de abutres, acho eu. São muito grandes e não têm medo nenhum dos humanos, por isso consegui esta foto tão pertinho.




Um bom passeio matinal :)