sábado, 8 de marzo de 2014

Feliz dia da mulher no Panamá

Desejo a todas a mulheres que tenham tido um dia muito feliz, neste dia em que celebramos o dia internacional de todas as mulheres. Mais do que isso, desejo-lhes que todos os dias sejam muito felizes; e que consigam vivê-los sem pensar que este dia tem de ser celebrado, ou seja, que se sintam mulheres, com tudo o que isso implica.

Não costumo escrever no blog ao fim-de-semana, mas não podia deixar passar esta data sem dizer algo. Principalmente porque, no meu ponto de vista, ainda há muitos e muitos dias para celebrar o dia da mulher e no Panamá ainda há muito a fazer para que todas as mulheres sejam felizes.

Ainda há muitas diferenças entre os homens e as mulheres no Panamá. O seu papel social, as atividades a que se dedicam, o papel no seio familiar...muitas diferenças. Mais do que noutros países, as mulheres ainda assumem o papel de dona de casa, que cuidam do marido e dos filhos. Trabalham, mas têm uma vida difícil.

Não têm as mesmas oportunidades. Têm filhos muito jovens e têm muitos filhos. E são elas que cuidam desses filhos sozinhas, muitas vezes sem o auxilio dos pais neste crescimento - muitas vezes nem a nível monetário.

Como um dia me explicaram, o panamenho não é homem de uma mulher só (nem duas!),como muitos noutras partes do mundo; mas ao contrário de outros, para eles é importante dar (e só esta expressão já me irrita!) filhos a todas as amantes, para que elas percebam que ele gosta delas. As mulheres ficam com os filhos e, portanto, é um "presente" que ele lhes deixa. Cuidar de tantas famílias seria complicado, por isso digo que, muitas vezes, nem a nível económico os pais estão presentes na vida dos filhos.

Outro aspecto também muito visível desta cultura machista - e que me afecta diariamente - é o "assédio sexual". Qualquer mulher que vá na rua tem de ouvir piropos, de todas as espécies e de todo o tipo de homens - até velhinhos ou policias! Ir sozinha na rua, passar por um homem sozinho ou acompanhado de outros homens, implica ouvir piropos. Muitas vezes bastante "badalhocos", se é que me entendem. Andar de táxi sozinha também implica sempre algum comentário "estranho"; e levar com buzinadelas é certinho.

E não posso deixar de falar da Katy. A Katy é a rapariga com quem vivi no outro apartamento. Ela vive aí com o seu "esposo" e aluga os outros 3 quartos da casa. No primeiro dia que a conheci, apresentou-me a sua melhor amiga - a tequila - que nunca a abandona e que é a sua única amiga. Acorda às 6h da manhã para limpar a casa e preparar o pequeno-almoço ao seu mais-que-tudo. Não toma banho na casa-de-banho da sua suite, para não incomodar o senhor. Não põe a roupa no armário dele, para não incomodar com o ranger da porta. Vai trabalhar e ele fica o dia todo no sofá sem fazer nada. Ela volta, depois de ir ao supermercado, limpa, cozinha, lava a roupa, leva a cerveja ao sofá (sim o cliché!) e, para terminar o dia, ainda leva algumas "pancadinhas de amor". Tem duas filhas de outro homem, que vivem com a avó, porque ela tem medo que ele (ou o pai) lhes "toque". Tem 26 anos e acha que tem uma vida normal.

Acredito que esta já não é a realidade para muitas mulheres no Panamá e que eu tenha tido a infelicidade de conhecer uma situação rara. Mas isto acontece e por isso temos de continuar a celebrar este dia, para que não nos esqueçamos porque é que ele existe!

Na realidade, no Panamá não se celebra este dia como eu estou habituada. Ao contrário do dia de S.Valentim, não havia nenhuma publicidade especial ou campanha nas lojas por ser o dia da mulher. Todos fizeram a sua vida como se de outro sábado qualquer se tratara. Isto também me faz pensar que ainda há muito por fazer por aqui; e por isso, esta pareceu-me ser a melhor forma de celebrar - por todas as Katys que todos conhecemos!

Feliz dia da mulher! :)

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