jueves, 13 de febrero de 2014

Sentir é diferente de ver

Na terça-feira tive uma experiência, que quero muito partilhar, mas ainda não tinha "digerido" bem a informação para conseguir escrever sobre isso. Conheci uma realidade sobre a qual já tinha ouvido falar, já tinha visto reportagens, mas nunca pensei que me impressionasse tanto ver e estar num sitio assim. Vi um outro lado do Panamá, que não vou esquecer.

Estou a trabalhar numa empresa farmacêutica e tinha muita curiosidade de saber como era o trabalho dos delegados de informação médica. É uma área de negócio totalmente nova, que desconhecia e, como sempre, gosto de ir ao terreno para "sentir" como "mexe".

E aí fui eu. Fui acompanhar uma delegada de informação médica no Panamá. Fomos a várias clinicas privadas na periferia da cidade. Quanto ao trabalho de delegada de informação médica, achei uma seca, mas quanto ao dia, sem dúvida que nunca vou esquecer.

Clinicas privadas não significa luxo. Há de tudo, claro, mas na periferia estas clinicas são um complemento ao sistema de saúde público. São muito pequenas, no máximo com 3 gabinetes médicos, e são diferentes! E foi esta diferença que me chocou.

Sim sabemos que há pobres, sabemos que o sistema de saúde é relativamente mau...mas estar lá é diferente. Pelo menos para mim foi.

Em primeiro lugar, nenhum dos consultórios tinha uma maca, ou aquelas caminhas branquinhas com um papel por cima, nada disso. Para isso servia uma mesa, ou uma cómoda, ou uma espécie de prateleira, sempre em madeira. Ás vezes com um lençol por cima, outras vezes não.

Eram sítios sujos, sem organização, onde não apetecia estar. Onde, se eu estivesse doente, nunca iria por escolha própria. Onde as pessoas que estavam na sala de espera eram diferentes de todas as pessoas que eu já vi na cidade. Onde os médicos tinham pouco mais que um estetoscópio.

O consultório que mais me impressionou foi de um ginecologista. Tinha uma cómoda para as senhoras se deitarem (um móvel com gavetas, sim!) e nem um lençol tinha por cima. Nas pontas da cómoda aparafusaram aqueles metais para pôr as pernas... e é isto. Era um sitio tão pequeno, que não cabia mais nada. E sujo. Mas tinha um plasma gigante na parede para ver as ecografias das grávidas. Não entendo as prioridades...

Continuo a sentir que não consigo descrever bem aquilo que vi. Não pude tirar fotos, por razões óbvias, e acho que muito do ambiente que ali se vive não "cabia" nas fotos...

Como disse inicialmente, é uma experiência que não vou esquecer e uma realidade que espero que deixe de existir em todo o mundo o mais rapidamente possível.

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